O presente artigo propõe-se a investigar, de maneira criteriosa, a validade da afirmação feita por Varāhamihira, segundo a qual Júpiter encontra-se exaltado no signo de Aquário. Com base em uma abordagem fundamentada no pratyakṣa, isto é, na observação direta e empírica, a tese se desenvolve por meio da análise sistemática de mapas astrológicos de figuras públicas de destacada relevância histórica.
Em resumo, ao longo do estudo, evidencia-se que os efeitos associados a Júpiter em Aquário são não apenas consistentes com uma possível exaltação, mas, em diversos casos, revelam-se superiores aos atribuídos tradicionalmente ao signo de Câncer, convencionalmente aceito como local de exaltação de Júpiter na astrologia clássica. A pesquisa, portanto, oferece indícios sólidos que sustentam a hipótese de Varāhamihira.
Índice
Júpiter Se Exalta Em Câncer
Conforme estabelecido pela esmagadora maioria dos autores das tradições clássicas, a única exaltação amplamente atestada de Júpiter ocorre no signo Câncer, um consenso isento de controvérsias. Por outro lado, um autor dentre vários afirma que embora Câncer seja o principal signo de exaltação, este planeta também dá resultados surpreendentes em Aquário.

A constelação de Câncer
Há um ensinamento escondido quando a tradição afirmar isto: o coração é a habitação da alma eterna de Deus em nós. A verdadeira religião é aquela que age com compaixão por todos os seres e reconhece Deus em cada ser, sem confundir ou atribuir mais valor a um objeto do que ao valor da própria existência. A Verdade não reside na letra rígida nem nas interpretações meramente literais das escrituras, mas no espírito vivo do mestre que dá vida a elas. É somente com o amor incondicional e acolhedor de uma Mãe que o mestre passa a ter o poder de dissipar toda a escuridão. A misericórdia está acima do juízo de Deus, e Deus, seja Mãe ou Pai, não encontra prazer no sofrimento dos próprios filhos, mas deseja que todos alcancem o aperfeiçoamento. E entre todas as palavras, o melhor discurso é aquele que tranquiliza, cura e unifica a família.
Kalyana Varman, no seu monumental tratado Sarāvali, diz o seguinte a respeito de Júpiter em Câncer:
“[Se Júpiter estiver em Câncer no nascimento, o nativo] será erudito, de corpo bem-formado, inteligente, inclinado ao Dharma e aos nobres, com grande força, boa fama, abundância de grãos, dono de riquezas, absorto na contemplação da Verdade, com filhos longevos, honrado por todos, amplamente conhecido, um rei, dedicado aos seres vivos como a Lua, sublime em seu trabalho e devotado aos seus amigos.” – Sarāvali 36.7-8 (tradução do sânscrito).
Varahamihira, trezentos anos antes, já seguia a mesma linha de pensamento, escrevendo no seu estilo extremamente sucinto, em seu célebre tratado Bṛhat Jātaka:
“Quando [Júpiter está] em Câncer, o nativo terá joias, filhos, sua própria esposa, riquezas, inteligência e prazeres” – Bṛhat Jātaka 18.13
No entanto, é particularmente surpreendente, e digno de nota, que Varāhamihira afirma de maneira categórica na próxima linha que Júpiter em Aquário produz efeitos semelhantes aos de sua exaltação em Câncer:
“Em Leão, torna-se o líder de um exército e os mesmos efeitos descritos do Guru dos Deuses no signo da Lua. Em seu domicílio, [Sagitário e Peixes], revela-se como um governante de uma província, um ministro, comandante do exército e possuidor de riquezas. Em Aquário, os resultados são semelhantes aos de Câncer. Em Capricórnio, debilitado, será escasso em riqueza e propenso à infelicidade.” – Bṛhat Jātaka 18.14-15
Por outro lado, os autores da tradição medieval diferem ferozmente sobre esta posição de Varahamihira, na mesma intensidade que os rishis Vishwamitra e Vashishtha guerrearam pelo leite da vaca celestial Kamadhenu nos tempos védicos:
“Júpiter em Aquário gera um mentiroso cruel e de caráter abominável; astuto nas artes vis e nos ofícios aquáticos; um líder de tribos que comete atos profundamente censuráveis. Um homem ganancioso, cônscio das falhas em seu próprio discurso, que ainda assim alcança seus intentos; alguém cujo corpo é atormentado por enfermidades de natureza insalubre; um sujeito injusto, afligido por doenças genitais e desprovido das nobres qualidades da alma, como a inteligência” – Yavana Jātaka (6.21–22)
“[Se Júpiter estiver em Aquário no momento do nascimento, o nativo] será um caluniador, desprovido de virtude, inclinado a ações vis em ambientes com água e locais dedicados à busca espiritual; será destaque em um grupo, associado às pessoas de classes baixas e de atos crueis. Ambicioso, afligido por enfermidades, perderá riquezas por causa de suas próprias palavras, sem discernimento e outras virtudes, sua vida é guiada pelo desejo por mulheres.§” – Sarāvali 36.21-22 (tradução do sânscrito).
A Origem Do Conceito de Exaltação
Os conceitos de exaltação (ucca) e debilitação (nīcha) dos planetas não pertencem exclusivamente à astrologia védica. Na verdade, são ideias amplamente compartilhadas entre várias tradições astrológicas, incluindo as escolas árabe, grega e babilônica. Contudo, é somente na obra monumental Kitāb al‐Mudkhal al‐Kabīr (“Uma Introdução à Astrologia”), do grande astrólogo árabe Abu Maʿshar, que encontramos as primeiras tentativas sistemáticas de explicar as razões por trás dessas designações, razões que, segundo ele, remontam aos ensinamentos de figuras como Ptolomeu e Hermes.
Curiosamente, alguns pensadores antigos sustentavam, de modo quase pueril, que os signos de exaltação correspondiam às posições originais dos planetas, ou seja, aos locais celestes onde o Criador teria colocado cada astro antes de dar início ao seu movimento no céu. Abu Maʿshar rejeita essa tese como uma forma de blasfêmia, embora não ofereça uma refutação direta.
Sabemos que o Sistema Solar surgiu no mundo material há aproximadamente 4,6 bilhões de anos, quando uma imensa nuvem de gás e poeira interestelar entrou em colapso gravitacional, possivelmente alimentada por remanescentes de outra supernova. Esse colapso deu origem a uma nebulosa em rotação, da qual o Sol se formou no centro, absorvendo a maior parte da matéria. O restante se achatou em um disco protoplanetário, onde partículas de poeira e gelo colidiram e se agregaram, formando corpos cada vez maiores — planetesimais, protoplanetas e, por fim, os planetas. O movimento orbital desses corpos é, até hoje, resultado do equilíbrio entre a força gravitacional do Sol e o momento angular herdado do colapso original. Nesse sentido, a antiga máxima de Parashara, que afirma que Sūrya, o Sol, é a causa da criação, adquire nova ressonância à luz da ciência contemporânea.
Os antigos observadores celestes eram profundamente ligados ao ritmo das estações e à regularidade dos ciclos naturais, especialmente no hemisfério norte, de onde provêm essas tradições. Assim, as exaltações dos planetas refletem, em grande parte, observações sazonais. O Sol, por exemplo, se exalta em Áries porque é neste signo que se inicia a primavera: os dias se alongam, a luz triunfa sobre a escuridão, e a vida ressurge com vigor. Libra, seu signo oposto, marca o início da progressiva diminuição da luz, por isso é considerado sua debilitação.
Câncer, outro signo solar significativo, marca o ápice do solstício do verão, mas sua natureza feminina faz dele um domicílio mais adequado para planetas como Júpiter, cuja associação com o crescimento e a fertilidade encontra ressonância neste período de abundância. Áries, já ocupado pelo Sol, não poderia hospedar outro planeta exaltado com os mesmos atributos. Se Júpiter representa a expansão e a bênção, Marte simboliza o conflito e a destruição, forças contrárias, refletidas na exaltação de Marte em Capricórnio, signo austero e estratégico.
A Lua, por sua vez, se exalta em Touro, signo fixo e terrestre, pois é ali que se torna visível pela primeira vez após a conjunção com o Sol em Áries. Seu oposto, Escorpião, símbolo de intensidades emocionais e profundezas ocultas, torna-se naturalmente sua debilitação.
Vênus, planeta de prazer e sensualidade, nunca se afasta mais de 47º do Sol. Sendo um corpo celeste de natureza feminina, sua exaltação em Peixes, signo feminino e próximo ao Sol, parece harmônica. O oposto disso, a secura racional de Virgem, representa sua debilitação. Essa oposição ganha ainda mais força se considerarmos que Mercúrio é frequentemente descrito como um planeta andrógino ou eunuco, cuja neutralidade o torna incompatível com as demandas sensuais de Vênus.
Além disso, quando o Sol ingressa em Virgem, o hemisfério norte vivencia o início do outono: uma estação marcada pela colheita, pelo trabalho e pela introspecção. Esse cenário encaixa-se perfeitamente na simbologia de Mercúrio, o planeta da lógica, da análise e da comunicação. Debilitar-se em Peixes, signo das emoções dissolventes e da subjetividade, é, nesse sentido, coerente com sua essência.
Mais um ponto importante que devemos mencionar, é que os astrólogos do passado tinham um trabalho extremamente próximo às elites, reis e nobres na Antiguidade, por todo o mundo, eles faziam parte de uma classe que tinha acesso aos estudos e tempo disponível para não trabalhar como servos nos campos, por isso, a maior parte de seus estudos de caso eram através da análise de mapas de pessoas da elite e pessoas da monarquia. Quando analisamos mapas de monarcas de diferentes países e imperadores, vemos de fato com muita clareza os efeitos das ditas exaltações, assim como continuamos vendo tais posições em herdeiros e pessoas que continuam o legado de outras, assim como os reis.
Com o avanço de sociedades menos estatamentais, o declínio das monarquias, a internacionalização das culturas, a ocidentalização progressiva do mundo, bem como a transformação profunda dos valores sociais, das ocupações humanas e das tecnologias, a astrologia passou a ser acessada por camadas sociais mais amplas. Nesse novo contexto, marcado também pelo agravamento das influências típicas da Kali Yuga, observa-se nativos materialmente bem-sucedidos sem os planetas nas exaltações clássicas.
Ainda assim, embora a ascensão social e o sucesso mundano possam hoje se manifestar por meio de outras configurações planetárias, é perceptível que os mapas com dignidades clássicas continuam fortemente associados a uma maior qualidade de vida, relacionamentos mais harmônicos e um senso mais estável de bem-estar geral.
Na tradição védica, Varāhamihira foi o primeiro a destacar esse fenômeno por meio da observação empírica. Ele notou, com aguda sensibilidade, que Júpiter frequentemente produzia resultados notáveis quando posicionado em Leão ou Aquário, mesmo que esses signos não figurassem entre as exaltações tradicionais. Suas observações refletem uma realidade social já transformada em sua época e permanecem válidas até os dias atuais.
Essas considerações foram aprofundadas no artigo dedicado às “Exaltações na Kali Yuga”, onde exploro como o deslocamento das estruturas sociais influencia a maneira como as dignidades planetárias se manifestam nos nossos dias, sem invalidar os fundamentos clássicos que continuam a operar nos planos mais sutis da experiência humana.
A Verdade

Gautama Maharishi já deixou todas as respostas disponíveis para nós através do método científico védico Pramana
Diante do embate clássico entre autores diferentes, representantes da autoridade do śabda, a segunda mais elevada forma de conhecimento no método científico védico, propomos aqui um retorno ao critério supremo: pratyakṣa, a evidência direta. Ao fazer isso, afastamo-nos de uma abordagem que poderíamos chamar de “parnasianismo astrológico”, na qual a prática se reduz a contemplações eruditas, restritas a bibliotecas e câmaras fechadas. Propomos, ao contrário, abrir as janelas da investigação astrológica, voltando-nos à observação direta dos fatos, da realidade concreta e verificável no mundo à nossa volta, além da exegese de textos.
Esse retorno ao real não nos isenta de rigor. Ao contrário, exige mais. Para evitarmos o erro metodológico do cherry picking, a seleção arbitrária de exemplos que apenas confirmem hipóteses prévias, propomos uma abordagem baseada em critérios claros. Se partimos da premissa de que a exaltação representa a expressão máxima das qualidades de um planeta, então nossa análise deve considerar aqueles que, segundo o consenso de especialistas em suas áreas, se destacaram de maneira excepcional nas qualidades associadas a esses planetas.
Consideraremos os critérios que podem ser medidos: erudição, inteligência, inclinação ao Dharma, abundância de grãos, joias, riquezas, própria esposa, filhos, amplamente conhecido, atuação na monarquia, dedicação aos seres vivos, ser sublime em seu trabalho e acesso aos prazeres.
Erudição
No primeiro critério, tomaremos como base a erudição, contemplando aquelas figuras que, ao longo das eras, se destacaram por suas contribuições acadêmicas notáveis ou por atingirem elevados graus de polimatia.
Ambos os signos de Júpiter possuem grandes nomes. Júpiter em Aquário revela-se, com notável frequência, entre pessoas que protagonizaram descobertas científicas de grande impacto ou que conquistaram reconhecimento acadêmico de alta distinção, especialmente nos domínios das ciências exatas e naturais, frequentemente manifestando traços de polimatia.
Nomes como Leonardo da Vinci, Johann Wolfgang von Goethe, Albert Einstein, Isaac Newton e Marie Curie ilustram, de forma contundente, o potencial expressivo dessa configuração jupiteriana, associada ao pensamento progressista, à originalidade e ao interesse transdisciplinar.
Já Júpiter em Câncer, embora tradicionalmente exaltado, apresenta-se em perfis um tanto distintos em nossos dias. Sua atuação parece mais alinhada a áreas como as ciências biológicas, a religião, intelectualidade e a política, sugerindo uma afinidade com temas ligados à proteção, nutrição e coesão social. Figuras como Drauzio Varella, Gottfried Wilhelm Leibniz, William Shakespeare, Galileu Galilei e Benjamin Franklin oferecem exemplos notáveis dessa manifestação.
Surpreendentemente, observa-se que muitas das personalidades de maior prestígio acadêmico e contribuição científica apresentam configurações que, à luz dos manuais clássicos, não seriam necessariamente vistas como “ideais”. Entre essas, destacam-se Júpiter em Aquário ou Touro; Vênus em Aquário; Saturno em Câncer ou Leão; e Rahu em Leão.
Quanto ao alto nível de educação formal, especialmente no que tange à obtenção de títulos como Ph.D., observamos uma predominância marcante de Júpiter em Capricórnio e Touro, e não em Câncer, como por vezes se supõe.
Inteligência
Entre os nomes frequentemente citados nas listas públicas§ que reúnem aqueles da humanidade com os mais altos quocientes de inteligência já registrados, está o prodígio sul-coreano Kim Ung-Yong, reconhecido por possuir um dos QIs mais elevados já medidos com um Júpiter em Aquário.
Curiosamente, nenhum dos recordistas nesse campo, mesmo acima dele, apresenta Júpiter em sua tradicional exaltação, Câncer. Ao contrário, signos como Áries, Aquário e Peixes surgem com uma frequência notável entre os mais inteligentes do planeta. Porém, dentre os mais inteligentes da população em geral, Júpiter em Câncer é notado ao lado de Sagitário, embora não ocupe os maiores lugares.
Inclinação ao Dharma
É verdade que encontramos pessoas engajadas no caminho do Dharma sob as mais variadas configurações de Júpiter. Contudo, a mera presença de Júpiter em determinado signo não garante, por si só, um comprometimento autêntico com os princípios espirituais, uma vez que fatores como o contexto cultural, a tradição familiar e a influência do meio social frequentemente orientam a adesão religiosa inicial. O que se observa, no entanto, é que entre aqueles que tomaram a decisão consciente e deliberada de seguir um caminho devocional — especialmente no contexto do bhakti-yoga — certas configurações aparecem com maior frequência e intensidade.
Dentre os que abraçaram o Dharma por escolha e não por herança§, há uma notável incidência de Júpiter nos signos de Virgem, Gêmeos, Leão, Capricórnio e Câncer. Além disso, outras configurações parecem funcionar como catalisadores desse comprometimento espiritual: Saturno em conjunção com Ketu, o Sol conjunto a Ketu, e a presença de planetas em Virgem e Leão.
Por outro lado, ao voltarmos o olhar para os praticantes que se destacam nas sendas do Yoga, vertentes meditativas e centradas na experiência direta, observamos uma diferença marcante na distribuição dos signos de Júpiter. Nesses casos, destacam-se com frequência os signos de Virgem, Áries e Aquário. Notáveis mestres espirituais como Sri Yukteswar Giri, Swami Kriyananda e David Frawley manifestaram suas existências na Terra quando Júpiter estava em Aquário.
Curiosamente, essa mesma configuração, ao lado de Júpiter em Libra, também se apresenta de maneira significativa nos mapas de santos canonizados pela tradição católica. Nesses casos, a vida espiritual passa por um criterioso processo de verificação histórica e moral por parte da Igreja, o que exige não apenas fé, mas coerência existencial, caridade concreta e inteligência prática. Exemplos notáveis incluem a Irmã Dulce (Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes), Artemide Zatti e a Beata Isabel Cristina Mrad Campos, cujas trajetórias de santidade combinam devoção com serviço à humanidade.
Se Júpiter em Capricórnio pode conduzir o indivíduo ao Dharma, por que então esta é considerada sua debilitação? Pois trata-se do signo oposto à exaltação clássica, Câncer. No entanto, há motivações mais profundas e historicamente situadas para essa atribuição. Capricórnio está associado à pecuária e, em certos casos, à prática do abate de vacas, considerada uma transgressão grave dentro dos preceitos do Dharma hindu. Além disso, trata-se de um signo infértil, que dificulta a gravidez. Na prática, este é o Júpiter de muitos educadores, empresários, ascetas, místicos e pandits.
Ainda mais revelador é o fato de que, segundo as tradições védicas, o próprio Senhor Krishna, quando se manifestou neste plano terreno, não escolheu Júpiter em Câncer, sua dita exaltação tradicional, mas sim, Júpiter em Virgem como o signo de sua maior manifestação. Seu mais destacado servo, Śrīla Prabhupāda, nasceu com Júpiter em Leão, em oposição a Rahu em Aquário. Mas curiosamente, quando o Senhor Vishnu escolheu se encarnar como um Rei, herdeiro de um trono, sabiamente escolheu Júpiter em Câncer e encarnou como Rama.
Se a essência do Dharma reside em não cometer crimes e seguir a lei de forma ideal, a afirmação também se mostra falsa. Há casos notórios, como o de Mark Chapman, o homem que assassinou John Lennon, ou Osiel Cárdenas Guillén, líder de um cartel mexicano, ambos com Júpiter em Câncer. É evidente que essa posição não os levou ao crime, mas tampouco os impediu — apresentando, na média, uma incidência semelhante à dos demais signos. Curiosamente, Júpiter em Capricórnio é o que possui menos registros na seção “Criminal Perpetrator” do Astro-Databank. Contudo, quando comete crimes tende a fazê-lo por vingança, geralmente após alcançar uma posição de poder ou através de cometer algum erro em sua administração, como Stalin. Já Júpiter em Libra lidera em número absoluto de entradas nessa mesma seção, sendo associado a maior frequência de transgressões e a crimes mais graves.
Abundância De Grãos
Se tomarmos a literalidade da tradição astrológica, onde Júpiter em Câncer representaria a exaltação máxima da fertilidade, da abundância e da provisão material, percebemos uma grande incongruência.
Uma análise direta dos dados públicos relativos aos fundadores e proprietários das maiores corporações do setor agrícola global, nenhum dono que tenha disponibilizado seus dados públicos possui Júpiter em Câncer. Há uma incidência marcante de Júpiter em Aquário ou de Júpiter recebendo aspectos significativos de planetas localizados neste signo. A ausência completa de Júpiter exaltado nestes nomes é, portanto, mais do que uma mera curiosidade estatística, uma evidência robusta contra a generalização literal da exaltação como superioridade absoluta.
No que tange ao acesso à terra, Júpiter em Câncer novamente não figura entre os detentores das maiores extensões de terras aráveis do planeta. Em seu lugar, aparecem combinações envolvendo Saturno em dignidade (especialmente em Capricórnio, Aquário e Libra), frequentemente aliado a Marte em Aquário (seja por signo direto, dispositor ou recebendo aspecto).
Joias
Mais uma vez, ao confrontarmos a narrativa astrológica tradicional com os dados históricos de listas de pessoas com alto acesso privilegiado à joias, Júpiter em Câncer mostra-se irrelevante.
Entre estes nomes mais emblemáticos: Rainha Elizabeth II, Bárbara Hutton, Zinaida Yusupova, Heidi Horten, Kazumi Arikawa, Elizabeth Taylor e Hebe Camargo. Pelo contrário, os signos de Áries e Aquário voltam a aparecer com frequência notável. Câncer, por sua vez, aparece de forma tímida, pontual, sem a força estatística que a tradição lhe atribui.
Mais revelador, porém, é o conjunto de configurações que se repete entre essas figuras: Júpiter em aspecto com Saturno (por conjunção ou oposição, ou mesmo sendo mutuamente aspectados), Saturno ou seu dispositor em signos de Marte, Mercúrio em signo de Marte, além do Sol frequentemente localizado em Aquário ou Peixes, Vênus, por sua vez, aparece com frequência em signos de Mercúrio, como Gêmeos ou Virgem.
Riquezas
Uma análise minuciosa das listas atuais das pessoas mais ricas do mundo revela outro descompasso entre a tradição astrológica e os fatos observáveis. Ao contrário do que se esperaria de um planeta exaltado em Câncer. A Lista disponibilizada pela Forbes§ não possui em seus primeiros lugares nenhuma pessoa detentora de um Júpiter em Câncer. A posição de Júpiter em Capricórnio, tradicionalmente interpretada como sua debilitação, também desafia a posição do parnasianismo astrológico. Bernard Arnault, um dos homens mais ricos do mundo, aparece nos primeiros lugares, notoriamente com essa colocação. A debilitação, neste caso, não impediu sua ascensão. Em contrapartida, signos como Capricórnio, Leão, Libra e Escorpião se destacam com expressividade. Na Ásia, o Júpiter em Escorpião se mantém soberano.
Dentre seus nomes estão: Elon Musk e Mark Zuckerberg, com Júpiter em Escorpião retrógrado, dando resultados de Libra; Jeff Bezos, Júpiter em Peixes no D1 e Capricórnio no D9; Larry Ellison, com Júpiter em Leão no D1 e D9; Bernard Arnault, Júpiter em Capricórnio no D1; Warren Buffett, Júpiter em Gêmeos D1 e Touro D9; Larry Page, Júpiter em Capricórnio D1; Sergey Brin, Júpiter em Capricórnio no D1; etc.
Própria Esposa
De acordo com diversas pesquisas já publicadas, Júpiter em Câncer se destaca como uma das posições mais favoráveis ao casamento, não apresentando tendências a negação, atraso ou dificuldades significativas nesse campo, pelo menos não originada de uma aflição de Júpiter. Essa configuração geralmente contribui para que o nativo estabeleça uma união estável com um parceiro ou parceira próprios, favorecendo vínculos legítimos e reconhecidos.
Em contraste, Júpiter ou seu dispositor em Capricórnio, Aquário ou Touro está associado, em certos contextos, a adiamentos consideráveis ou até mesmo à ausência de casamento, quando outras condições astrológicas acumulativas fomentem isso§. Neste quesito, a superioridade de Júpiter em Câncer é evidente.
Contudo, não é o único signo com atuação funcional nesse tema. Júpiter em Leão, Libra, Escorpião e Sagitário também demonstra propensão à vida conjugal, sendo que Escorpião, entre eles, se sobressai como o signo mais fértil. De modo geral, os signos que tornam Júpiter mais fértil, em ordem crescente, são: Aquário, Escorpião e Peixes§. O signo de Câncer costuma dar resultados moderados no número de filhos. Por isso, não é incomum que esta posição de Aquário seja encontrada com maior frequência em mães solos, casamentos não convencionais ou pessoas que se casam acima dos 35 anos.
Por outro lado, é incorreto inferir que tais posições se relacionem exclusivamente à monogamia estrita ou à adesão a modelos tradicionais de família. Nativos com Júpiter em Câncer também podem fazer parte de relações extraconjugais, inclusive como amantes fixos, situação igualmente observada em mapas com Júpiter em Capricórnio. Nesses casos, isto pode ocorrer também através do dispositor de Júpiter nestes signos§. Exemplos notórios na história incluem Mata Hari, Wallis Simpson e Christine Keeler, cujas trajetórias revelam o papel desses elementos na construção de vínculos não convencionais.
Amplamente Conhecido
Quando observamos pessoas que alcançaram fama mundial de forma inequívoca e duradoura reforça, mais uma vez, a necessidade de revisão crítica da concepção tradicional de exaltação planetária. Especificamente, o caso de Júpiter em Câncer não encontra respaldo empírico no universo da celebridade global.
Nas últimas décadas, não há registro de uma única figura amplamente reconhecida em escala planetária que possua Júpiter neste signo. Como não há consenso sobre a data de nascimento do Cristo, passaremos por nomes incontornáveis da cultura popular contemporânea: Michael Jackson, Taylor Swift e Cristiano Ronaldo. Nenhum deles possui esse Júpiter.
Por outro lado, há um padrão consistente no mapa principal (rāśi) e no D-9 (navāṁśa) com fama global, duradoura e incontestável parece favorecer configurações específicas: Júpiter ou seu dispositor em signos como Capricórnio, Áries ou Touro; Lua em Aquário ou Virgem (ou aspectado por planeta nestes signos); Vênus ou seu dispositor em Peixes ou Capricórnio (ou aspectado por planetas nestes signos).
Neste caso, a afirmação revela-se falsa para ambos os signos de Júpiter discutidos aqui, Aquário e Câncer. Por outro lado, quando falamos de legado em termos intelectuais, acadêmicos e políticos, ambos conseguem fazê-lo muito bem.
Relação Com A Monarquia
Este atributo revela-se notavelmente preciso, tanto em relação a Júpiter em Câncer, quanto a Júpiter em Aquário. Embora não sejam os únicos signos frequentemente associados à realeza, são recorrentes entre os monarcas de maior brilho histórico, sem margem de dúvida. Júpiter em Libra, o signo mais frequente entre reis, e Áries também figuram nas cartas de soberanos, mas com menor envergadura e importância no legado histórico.
No caso de Júpiter em Câncer, destacam-se figuras como Augusto Otaviano de Roma, Constantino I de Roma, Alexandre I da Rússia e Dom Manuel I de Portugal. Todos esses líderes conduziram grandes expansões territoriais, derrotaram ameaças externas com eficácia, e usaram a religião como instrumento de coesão e unificação nacional. Seus governos também foram marcados por uma centralização expressiva do poder, aliada a posturas conservadoras, nacionalistas e ordeiras no exercício da autoridade.
Por sua vez, entre os que possuem Júpiter em Aquário, podemos citar nomes como Shivaji Maharaj da Índia, Rainha Vitória de Portugal, Rainha Elizabeth II da Inglaterra e Dom João I de Portugal. Esses monarcas se notabilizaram como gestores da continuidade institucional, atuando em contextos de profundas transformações internas e externas. Suas lideranças foram decisivas na definição da identidade nacional, na condução de processos de independência, e na transição de impérios coloniais para formas mais modernas de estado.
Dedicado Aos Seres Vivos
De fato, a análise revela uma relação significativa entre Júpiter, a preservação da vida e a interação com os seres vivos. Embora a maior parte dos médicos internacionalmente reconhecidos por descobertas científicas de grande impacto apresente Júpiter nos signos de Touro ou Virgem, observa-se um padrão distinto no contexto nacional. Entre os médicos que transformaram profundamente a realidade da saúde pública no Brasil, prevalecem casos de Júpiter ou seu dispositor em Câncer, como exemplificam Oswaldo Cruz, Drauzio Varella, Carlos Chagas e Zilda Arns.
Além disso, ao ampliar o escopo da análise, nota-se que a maioria dos profissionais da medicina apresenta Júpiter em Câncer ou Aquário, ou então possui o dispositor de Júpiter nesses signos, ou ainda, Júpiter sob o aspecto de planetas localizados neles. Esses dados sugerem uma afinidade estrutural entre os signos de Câncer e Aquário e as vocações ligadas ao cuidado, à pesquisa médica e à inovação na preservação da vida humana.
Sublime Em Seu Trabalho
Após uma análise criteriosa de diversas métricas, concluímos que Kalyana Varman e outros autores podem ter exagerado em sua avaliação sobre os feitos de Júpiter em Câncer. No entanto, encontramos que essa posição realmente exerce uma influência poderosa, particularmente nas áreas de política, artes e na vida intelectual. Embora não seja possível afirmar de forma absoluta que Júpiter em Câncer, ou em qualquer outro signo, esteja diretamente relacionado a um desempenho superior em todas as áreas, pois elas ainda não foram profundamente pesquisadas, podemos concluir que, quando se trata de política da Antiguidade, ícones da arte e atividade intelectual, Júpiter em Câncer realmente se mostra sublime, ao lado de Júpiter em Aquário.
Além disso, ao longo da pesquisa, observamos a repetição de Júpiter em Áries, Libra e Capricórnio diversas vezes, frequentemente associado ao Sol em Áries ou Virgem, indicando uma habilidade excepcional em diversos setores, refletindo uma dinâmica astrológica muito específica que vale a pena considerar em futuras investigações.
Acesso Aos Prazeres
Há uma crítica recorrente dirigida a Júpiter em Aquário, especialmente por parte de intérpretes de tradição medieval, que associam essa posição a uma sexualidade exacerbada e desregulada, por vezes descrita com tons quase animalescos. De fato, essa atribuição não é destituída de fundamento: Júpiter neste signo figura frequentemente entre os mapas de indivíduos com libido acentuada e expressividade sexual marcante.
Particularmente nos mapas masculinos, quando Júpiter ou seu dispositor encontra-se em Peixes, Capricórnio, Aquário ou Áries e está conjunto ou sob aspecto de Marte, havendo também a presença de uma Vênus fraca por signo, como Virgem ou Aquário, observa-se uma forte tendência a uma intensa sedução, grande vitalidade sexual, número elevado de filhos (Aquário e Peixes somente) e até centenas ou milhares de parceiras ao longo da vida. Essa combinação produz um perfil fortemente ligado à conquista e à multiplicidade de relações afetivo-sexuais. O mesmo não pode ser dito das mulheres, pois não há dados disponíveis suficientes, embora elas tendam a ter mais filhos quando Marte conjunta ou aspecta Júpiter neste signo.
Podemos citar dentre estes com Júpiter em Aquário no D1 ou D9, contabilizados pela revista britânica The Sun§: Hugh Hefner, criador da Playboy; o ator Warren Beatty com 12.000 mulheres e o ditador Fidel Castro com 35.000 mulheres.
Entretanto, é importante observar que, nos estudos voltados a práticas sexuais incomuns ou à quantidade de parceiros ao longo da vida, Júpiter em Aquário jamais se apresenta de forma isolada. Seu impacto mais acentuado ocorre dentro de configurações mais complexas, como parte de yogas bem definidos, em que fatores adicionais corroboram a manifestação desse comportamento. Assim, embora a crítica tenha algum respaldo, sua validade depende da presença de contextos astrológicos específicos, e não de uma leitura simplista ou isolada da posição de Júpiter.
Conclusão
Com base em observações empíricas diretas, torna-se evidente que as exaltações clássicas, embora de grande valor histórico foram modeladas segundo os padrões climáticos do hemisfério norte e inspirados nos mapas natais de monarcas e imperadores da Antiguidade. Essas configurações, por vezes, parecem excessivamente idealizadas, possivelmente ajustadas para manter o prestígio das figuras régias e preservar a honra dos símbolos nacionais.
Varāhamihira mostrou-se plenamente acertado ao afirmar que Júpiter encontra exaltação em Aquário, revelando uma percepção ainda imatura sobre a natureza desse posicionamento, limitado talvez pelo acesso a uma variedade de mapas astrológicos. A análise sistemática de figuras públicas de grande projeção demonstra que as qualidades associadas a Júpiter em Aquário não apenas igualam, mas em muitos casos superam aquelas tradicionalmente atribuídas à sua exaltação em Câncer. Essa constatação reforça a validade da tradição alternativa proposta por Varāhamihira, baseada não apenas em símbolos e mitologia, mas em uma profunda observação da realidade objetiva.
Também é importante mencionar que a maioria das grandes expressões de Júpiter em Câncer e Aquário ao longo da história parecem ter sido mais intensificadas quando Júpiter em Câncer estava retrógrado, sem conjunção com outros planetas, e também que Júpiter em Aquário foi o suficiente por si mesmo, aceitando no máximo a conjunção com Vênus, mas produzindo resultados limitados quando conjunto as quaisquer outros planetas. Nenhum deles sofreu tão severamente quando cortados por maléficos.
Neste mesmo artigo, observamos que outros signos de Júpiter até então ignorados ou tidos como menos expressivos também demonstram níveis relevantes de excelência, como é o caso de Júpiter em Áries, Touro, Aquário, Peixes e até mesmo Capricórnio. No entanto, apesar de apresentarem desempenhos notáveis em diversas áreas, não podem ser considerados exaltações, uma vez que, com exceção de Peixes — cuja análise ainda demanda maior profundidade —, muitos desses posicionamentos mostram tendência a prejudicar aspectos relacionados à fertilidade ou ao casamento.
Apesar de Júpiter em Libra ter se destacado em diversos contextos, sabe-se que dependendo do conjunto geral do mapa, sua atuação entre homens mostrou fragilidades em temas ligados a tendência a certos crimes e tabus sociais maior que a média do restante da população. Por essa razão, ainda que possa ser considerado uma exaltação nos padrões de Kali Yuga, não possui as qualidades necessárias para competir como uma exaltação clássica.
É plausível considerar que Júpiter em Câncer continue apresentando resultados consistentes, especialmente ao formar combinações poderosas por aspectos ou conjunções com planetas que, durante o Kali Yuga, frutificam bem quando posicionados em Câncer. Isso inclui planetas como Sol, Marte (apesar de sua debilitação clássica, frequentemente associada a nativos de grande talento), Vênus e Saturno, todos os quais podem gerar efeitos expressivos quando influenciados por Júpiter neste signo.