Onde A Bíblia Fala Sobre Signos? Por Que Signos É Pecado?

Na verdade, não existe uma condenação explícita no Novo Testamento contra signos. Há mais uma oposição cultural dos cristãos do que uma base bíblica sólida para a proibição de acreditar em signos.

Onde A Bíblia Fala Sobre Signos?

Os signos fazem parte da astrologia, uma antiga arte e conhecimento que estuda a relação entre os astros do céu e a vida na Terra. A astrologia é bastante antiga e já existia desde os tempos bíblicos, Moisés, por revelação divina, já mencionou este conhecimento logo no início do livro de Gênesis, no primeiro capítulo, quando disse:

“Disse Deus: ‘Haja luminares no firmamento do céu para separar o dia da noite. Sirvam eles de sinais para marcar tempos determinados, dias e anos, e sirvam de luzeiros no firmamento do céu para iluminar a terra. E assim foi.” – Gênesis 1:14,15

O Antigo Testamento não foi escrito em português, mas em hebraico, por isso para entendermos melhor esta expressão destacada do termo “sinais”, precisamos recorrer ao seu significado verdadeiro, nenhum tradução da Bíblia é inspirada, apenas seu conteúdo original. O termo vem do hebraico owth (אוֹת)§, que é tanto a ideia de estabelecer um “monumento” para toda a criação, como também indica que os astros servem como “presságios” e “advertência”§.

pres·sá·gi·o
(do latim praesagium)

substantivo masculino

1. Sinal pelo qual se ajuíza ou se conjectura do futuro.
2. Indício de que algo está prestes a acontecer.§

Os astros além de serem usados como sinais para eventos futuros, também funcionam como um monumento do poder de Deus. Todas as festas de Israel, que são monumentos da aliança com o povo de Israel, são calculadas a partir da posição dos astros, como a Páscoa, Festas Dos Tabernáculos e o Purim, pois o calendário festivo é também uma forma de aplicação da astrologia. Vemos no texto do Livro de Jó, que Deus para mostrar sua soberania a Jó, cita os signos do Zodíaco na Bíblia, como uma demonstração do seu poder:

 

“Então o Senhor respondeu a Jó do meio da tempestade. Disse ele: […] Você pode amarrar as lindas Plêiades? Pode afrouxar as cordas do Órion? Pode fazer surgir [na eclíptica] os doze signos do Zodíaco ou fazer sair a Ursa Maior com os seus filhotes? Você conhece as leis dos céus e a influência deles sobre a Terra?” – Jó 38:1,31-33

Algumas traduções bíblicas tentam esconder e apagar a citação clara ao Zodíaco, citando apenas “estrelas”, “alva” ou “constelações” neste trecho, mas isto é desonestidade com o texto bíblico, pois tenta apagar a convicção do povo de Israel na influência dos astros nos eventos terrenos. Vemos no hebraico original§ o emprego da palavra “Mazarote” (mazzarah – מַזָּרָה), que se refere exatamente aos 12 signos do Zodíaco § que eram conhecidos desde a Babilônia e também pelos hebreus. A tradição bíblica da Almeida Revista e Atualizada (ARA) merece uma menção honrosa pela ótima qualidade de sua tradução, que ficou muito próxima a sugerida neste artigo, pelo menos nesse trecho, apesar da Bíblia de Jerusalém ser sempre citada como a preferida de muitos exegetas pela sua imparcialidade doutrinária e alta fidelidade ao texto bíblico, neste caso deixou um pouco a desejar.

Para a juíza e profetiza Débora, os astros, ao comando de Deus, foram extremamente importantes para garantir a vitória durante uma guerra de Israel contra Sísera, como ela afirma em um canto louvor a Deus:

“Até mesmo do céu lutaram as estrelas, saíram de suas órbitas e lutaram contra Sísera!” – Juízes 5:20

Vemos também que Deus marcou eventos importantes para o futuro através de fenômenos no céu, como o Eclipse que ocorrerá antes da Batalha Final:

“Derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor.” – Joel 2:28-31, também citado em Apocalipse 6:12.

Jesus no seu nascimento foi primeiro saudado por magos vindos do Oriente, que viram um forte fenômeno astrológico incomum no Oriente e vieram conhecer o Rei dos Judeus que havia nascido, como relata a Bíblia:

“Depois que Jesus nasceu em Belém da Judéia, nos dias do rei Herodes, magos vindos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo“. – Mateus 2:1,2

Os magos, como são chamados na Bíblia, são sacerdotes do Zoroastrismo, uma religião da região da Pérsia, que adorava apenas um Deus único e esperavam a vinda de um Messias, de maneira muito semelhante aos judeus, e que também teria influenciado o judaísmo durante o período em que o rei Ciro, O Grande, soltou os judeus do cativeiro da Babilônia, conforme a profecia de Isaías. Os magos eram conhecidos na cultura helenística, da época de Mateus, por serem sábios praticantes de astrologia§.

Os hebreus também desenvolveram sua própria astrologia, vemos livros judaicos escritos sobre o tema como o Sefer Yetzirah e o Sefer ha-Kuzari, nestes livros são vistos nomes hebraicos para os planetas, signos, e até relações astrológicas entre os signos do Zodíaco e as tribos de Israel, porém, esta astrologia realizada por cabalistas é especialmente focada no autoconhecimento e não faz qualquer prática de veneração aos planetas, como vemos ocorrer em outras partes do mundo, como na Suméria e a Índia, que possui a astrologia mais precisa do mundo até os nossos dias.

 

Por Que Signos É Pecado?

O povo de Israel foi proibido por Deus naquela época de usar qualquer outro tipo de forma de saber o futuro, que não fossem os seus profetas designados por Deus (Lv 19:31; Is 8:19-21; Dt 18:14-19), e o oráculo do Urim e Tumim do sumo-sacerdote (Nm 27:21), assim como foram proibidos de fazer uma série de coisas que hoje os cristãos na Nova Aliança podem fazer, como comer uma simples carne de porco ou camarão na praia, que é condenado na lista de Levítico 11, e também pelo profeta Isaías que ameaça ao lago de fogo quem come (Isaías 66:17), mas Jesus Cristo, com sua autoridade messiânica, insiste ao apóstolo Pedro três vezes que ele coma (Atos 10:13-16) e também ele mesmo pessoalmente considerou puro todos os alimentos, como registra o evangelista Marcos (capítulo 7:18-19), o evangelho historicamente mais confiável pela crítica do Novo Testamento, apesar das restrições explícitas à Lei de Moisés.

“Porquanto, Ele é a nossa paz. De ambos os povos fez um só e, derrubando o muro de separação [da Lei de Moisés], em seu próprio corpo desfez toda a inimizade, ou seja, anulou a Lei dos mandamentos expressa em ordenanças, para em si mesmo criar dos dois um novo ser humano, realizando assim a paz.” – Efésios 2:15

“Pois quando há mudança de sacerdócio, é necessário que haja mudança de lei. […] Pois sobre Cristo é afirmado: ‘Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque’. A ordenança anterior é revogada, porquanto era fraca e inútil, já que pois a lei não havia aperfeiçoado coisa alguma, sendo introduzida uma esperança superior, pela qual nos aproximamos de Deus.” – Hebreus 7:12-19

Devemos deixar claro que o “horóscopo” de jornal não é uma forma confiável de astrologia e muitas vezes ele nem sequer é feito por astrólogos, mas jornalistas sem qualquer conhecimento no assunto. Para que você tenha um bom resultado, você deve buscar um astrólogo profissional que não vai apenas ver o seu signo, mas seu mapa astral completo. Não existe nenhum tipo de evocação a nenhum suposto espírito demoníaco de adivinhação, como vemos em textos da internet por aí, para a execução de uma consulta astrológica, são empregadas fórmulas e cálculos. Se o astrólogo não estudar, ele não conseguirá realizar previsão alguma, seja sobre quem você é, seja sobre o que o futuro te aguarda, segundo um cálculo astrológico.

É comum encontrarmos a citação de textos do Antigo Testamento em livros como Deuteronômio, condenando “adivinhação” como sendo associados à astrologia, porém, ela não é uma mera forma de adivinhação, para praticá-la corretamente você deve ter noções de geometria, matemática, astronomia, símbolos, e até o domínio de línguas estrangeiras. Astrologia é uma arte e ciência tradicional da humanidade.

Você nunca verá um cristão se negando a olhar a previsão do tempo da meteorologia do Jornal ou se recusando na escola a fazer um exercício de física porque ele não pode ficar prevendo o que acontecerá com a trajetória do objeto com base nas leis físicas que serão aplicadas. Jesus criticou postura semelhante no povo de sua época:

“Jesus disse também ao povo: — Quando vocês veem uma nuvem subindo no oeste, dizem logo: “Vai chover.” E, de fato, chove. E, quando sentem o vento sul soprando, dizem: “Vai fazer calor.” E faz mesmo. Hipócritas!” – Lucas 12:54-56a

Na verdade, quando os evangélicos começaram a surgir na Alemanha após a Reforma Protestante de Lutero ainda no século 16, a astrologia era uma prática comum entre os cristãos protestantes, aliás, Martinho Lutero conferiu ao astrólogo Filipe Melâncton, um lugar de honra como seu principal colaborador e ele se converteu no maior líder da Reforma de sua época após a sua morte, levando a astrologia para as universidades e traduzindo também para o Alemão, o chamado Tetrabiblos de Ptolomeu, uma obra de astrologia importante da cultura helenística§.

Muitos dos trechos geralmente divulgados de supostas proibições da astrologia na Bíblia, condenam a chamada “feitiçaria”, contida em todas as listas neotestamentárias, mas isto é empregar ao termo um sentido que ele não se refere. O que se traduz como “feitiçaria” vem do grego pharmakeía, pela definição de A. T. Robertson, erudito do Novo Testamento, seria o mesmo que “o uso de substâncias para alteração de consciência e para entrar em contato com espíritos”, como ocorre nas práticas animistas, por exemplo. Daí a semelhança desta palavra no grego com a nossa palavra “farmácia”.

A Origem Dos Signos

A verdadeira origem dos signos e da astrologia vêm ainda de quando a humanidade passou a olhar para o céu e perceber relações entre os movimentos dos planetas em determinadas constelações, que resultavam em eventos, sejam guerras, o nascimento de príncipes, calamidades, ou ainda a atividade da agricultura, que é tão dependente dos ciclos da natureza e das estações. Neste momento, nasceu na Babilônia, a capital da Suméria, a astrologia por volta de 3 mil anos a.C. Esta região falava a língua acadiana, localizada na região centro-sul da Mesopotâmia (atual Iraque), próximo a antiga localização do Jardim do Éden. Além do cálculo astrológico, a Suméria inventou uma série de coisas: a escrita que permite você ler este texto, o primeiro código de Leis do mundo, a primeira cidade, a irrigação, dentre muitas outras contribuições para a humanidade.§

Os signos nem sempre foram os mesmos, eles foram sendo aprimorados a partir da experiência humana logo após a sua descoberta pelos babilônios, o seu sucesso levou este conhecimento para a Grécia, que chamou com os nomes e mitos que damos a eles até hoje, junto ao termo “Zodíaco”. Com o tempo, os hindus da avançada civilização indo-ariana aprimoraram o seu preciso sistema de astrologia com as  novas descobertas dos povos gregos, levando ao melhor sistema de astrologia existente hoje, a consagrada astrologia védica.

Veja Também

Tudo Sobre Signos – Um guia básico sobre signos para iniciantes por quem entende do assunto.

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2023-12-28T01:25:43+00:00

About the Author:

André Kërr é co-fundador da Academia Brasileira de Astrologia Védica e escritor best-seller na sessão “Espiritualidade” da Amazon Brasil. Ele é astrólogo védico, engenheiro de software, tradutor de livros clássicos e modernos da jyotisha, pesquisador da cultura indiana e desenvolve novas tecnologias para auxiliar a comunidade brasileira. Conhecedor das astrologias de Parashara, Jaimini, Brighu Nadi e KP.
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