As Dasha Mahavidyas (“Os Dez Grandes Conhecimentos”) são um grupo de 10 divindades da tradição védica shakta, vistas como as principais formas da Mãe Divina, conhecidas pela sua alta eficiência, capacidade de transformação e enorme poder. Algumas delas são divindades “iradas” ou “furiosas” (ugras), enquanto outras são divindades com aspectos “gentis” (saumya).
Práticas espirituais a essa classe de Deusas são comuns na astrologia védica para que trazer a melhora para planetas debilitados ou que se encontram em casas de sofrimento. Porém, seu uso requer o acompanhamento de um astrólogo védico versado, pois podem trazer infortúnios, caso seja realizado de qualquer maneira.
Índice
Introdução
A Mãe Divina é o princípio feminino do Universo (adi-shaktih) que forma o mundo físico, enquanto o princípio masculino, é o princípio de completo vazio e inexistência (Shiva). As Mahavidyas são chamadas de “vidyas” (conhecimentos) em referência ao Vishnu Purana 1.19.41, que diz: “O Conhecimento Verdadeiro é aquele que leva à liberação final“, pois a devoção a cada uma delas pode levar alguém a atingir a emancipação espiritual completa.
As divindades femininas no hinduísmo são vistas como aquelas que mais atendem rapidamente os seus devotos com um poder inigualável, não a toa que os mestres afirmam “Shiva sem Shakti é shava“, ou seja, o Deus Supremo sem sua Esposa é um mero cadáver. O ramo Shakta cultua este princípio feminino e é especialmente popular na Bengala Oeste, na Índia.
Segundo o Tantra, o casal Shiva e Shakti em uma união sagrada, geralmente comparada com a união sexual dos seres vivos, sustentam todos os mundos e transmitem suas qualidades para toda a criação.
“O mundo não é da maneira como imaginamos, quanto antes percebemos isto, mais rápido adquirimos maturidade espiritual. As Mahavidyas são anti-modelos, elas nos despertam através de visões do divino que não são confortáveis para nós e que confrontam nossas fantasias de como as coisas no mundo deveriam ser.” – comentário da obra ‘Tantric Visions of the Divine Feminine’ de David Kinsley, escritor e professor de religião da McMaster University em Hamilton, no Canadá.
A História De Origem
Sati, a consorte de Shiva, era uma das filhas do Prajapati Daksha, descendente do Criador Brahma. Sati casou-se com Shiva contra a vontade de seu pai. Então, o vaidoso Daksha realizou um grande Yajna, uma cerimônia, onde convidou todos os deuses e deusas, exceto seu genro, o Senhor Shiva, na intenção de insultá-lo.
Sati soube do yajna de seu pai através de Narada Muni e pediu permissão a Shiva para participar do yajna, dizendo que uma filha não precisava de um convite do pai. Shiva disse que Daksha estava tentando insultá-lo e, portanto, mesmo que Sati comparecesse ao yajna, o fruto do sacrifício não poderia ser auspicioso e que, por isso, não deixaria ela ir. Sati ficou furiosa, pois seu marido havia esquecido que ela era a Mãe Do Universo. Nesse instante de fúria, os oceanos se agitaram, as montanhas tremeram e a atmosfera ficou repleta da maravilha de sua forma.
Shiva começou também tremer e tentou fugir. Mas em todas as direções para onde ele tentava fugir, a Mãe Divina o detinha, pois elas estavam cada uma em uma das 10 direções, e por mais que Shiva tentasse, ela estava por toda a parte. Cada uma das 10 direções havia uma de suas formas, que juntas formaram o grupo das Dez Mahavidyas.
Quem São As Dez Mahavidyas?
- Kali (‘A Escura’) – apazigua Saturno;
- Tara (‘A Estrela’) – apazigua Júpiter ;
- Tripura Sundari (‘A Mais Bela Dos Três Mundos’), também chamada de Lalita ou Shodashi – apazigua Mercúrio;
- Bhuvaneshwari (‘Rainha do Mundo’) – apazigua Lua;
- Bhairavi (‘A Que Inspira Terror’) – fortalece o Ascendente;
- Chinnamasta (‘Aquela Cuja Cabeça Foi Decepada’) – apazigua Rahu;
- Dhumavati (‘A Esfumaçada’) – apazigua Ketu;
- Bagalamukhi (‘A Paralisadora’) – apazigua Marte;
- Matangi (‘A Marginalizada’) – apazigua o Sol;
- Kamala (‘A Flor De Lótus’), a Lakshmi de Três Olhos – apazigua Vênus;